Sunday, September 25, 2005



Aqui me tendes. Zé do Telhado, o Repartidor Público, ao vosso serviço.
"Se falares muito perdes votos"

Cavalgava eu pela noite fora, sem rumo e sem orientação, quando o destino me fez paragem e me convidou a desfrutar um pouco daquela noite fria e solitária num local bem divertido. Fórum Cultural de Ermesinde, era assim que se chamava o dito local. Ao que parece havia lá um qualquer espectáculo de mágia, intitulado de Magic Valongo, com ilusionistas vindos de toda a parte do mundo. A principio nada daquilo me chamou à atenção, já que eu não sou grande adepto desta actividade, mas como não tinha mais nada que fazer resolvi apear a minha mula e dar um salto até ao local e ver uns quantos gajos a fazer e desaparecer objectos.
Pensei eu para os meus botões: "pode ser que aprenda aqui alguma técnica de fazer desaparecer carteiras dos bolsos dos cabrões dos ricaços". Sim, porque isto de andar de armas em punho e com um bando de assaltantes atrás, dá muito nas vistas, hoje em dia existem alarmes, cofres e outras merdas com que eu e a minha quadrilha não nos tinhamos de deparar sempre que limpavámos a casa de algum ricaço há uns 150 anos atrás.
Bom, mas dizia eu, lá entrei, tirei o chapéu e sentei-me sossegado no meu canto à espera que aquilo começasse. Até que surge o grande momento da noite, antes mesmo de se dar início ao espectáculo, o apresentador, um espanhol de seu nome Jandro, chamou um senhor muito velhinho ao palco. "Perguntei-me eu: quem é aquele idoso todo fodido? Coitado, tem ar de quem tem alguma doença grave, tem um ar mesmo fodido". Perguntei ao gajo que estava ao meu lado, e ele disse-me que era um tal de Melo, o presidente da câmara municipal. Muito bem, chamado ao palco pelo Jandro, o senhor lá caminhava com alguma dificuldade, meio suspenso no ar, e chegado aí, o Jandro olha para ele e diz-lhe: "Vê se falas pouco, porque se falares muito perdes votos". Risada geral na sala, um aviso que veio mesmo a calhar. Segundo ouvi dizer, minutos mais tarde, o tal Melo chamou de retretes as sedes de campanha de uma sua adversária na corrida à câmara.
Ao que se diz, a "boca" do homem foi tão foleira e tão baixa que só por isso já perdeu umas centenas largas de votos. Bom, a explicação para esta atitude assanta no facto de o senhor já ser muito velhinho e estar senil, informação esta que recolhi do banco detrás do meu, de dois senhores que se viraram um para o outro e disseram: "Ó nelo, olha pró gajo, tá todo fodido, nem andar pode, coitado. O que ele quer é a pinguinha, e mais nada". Realmente o tal Melo estava mesmo com um aspecto cansado e débil. Mas pelo vistos tem algumas pessoas que ainda se interessam por ele, pessoas como Jandro, por exemplo, que deve ter tido conhecimento de antemão de que o senhor ultimamente não diz coisa com coisa, daí antes mesmo dele começar a cuspir para o microfone o ter avisado para falar pouco pois senão arriscava-se a perder ainda mais votos. Conselho este que o senhor seguiu à risca, pois nada de jeito disso, nada de novo, como disseram os tais individuos sentados na fila atrás da minha. O que é certo é que o senhor Melo, ainda mal o espectáculo tinha começado, já estava a sair, amparado por um tal de vereador Zé, da sala, pois se calhar estava na hora de ir tomar os medicamentos e ir para a caminha. Mas a "palhaçada" não se ficou por aqui, pois o Jandro é mesmo levado da breca.
A certa altura vira-se para um dos candidatos do partido do senhor Melo, que dava pelo nome de Mário (foi assim que ele disse que se chamava) e pediu-lhe para pensar num número. Em seguida Jandro pediu que o senhor Mário dissesse em voz alta o número que tinha pensado, ao que ele lhe respondeu com um ar do tipo: "vou-te foder espanhol da merda", e disse um número altissimo, do género 211.983.506, só para complicar a vida ao Jandro que supostamente iria mostrar um papel com o número que o senhor Mário havia pensado. Conclusão desta merda, o Jandro ficou com a actuação estragada, pois não conseguiu adivinhar o número, mas virando-se para o senhor Mário (que se ria às gargalhas da sua facenha de ter conseguido enganar o mágico apresentador) e disse-lhe: "Gracias, és mesmo um cabrón". Nova gargalhada na sala. Bom, parece que o Jandro se anda a informar muito bem sobre as pessoas da Câmara de Valongo. Ah, em relação ao espectáculo até foi engraçado, mas continuo a não ser grande fã do ilusionismo. Fiquei mais fascinado com o espectáculo protagonizado pelos artistas da Câmara de Valongo. Tá na hora de picar a mula. A gente vê-se por aí.

Saturday, September 24, 2005

Cá me tendes caros companheiros de luta. Acabado de regressar das profundezas do infinito para onde um dia cobardemente me largaram, simplesmente porque roubava aos ricos, aos avarentos deste Portugal miserável, para dar aos pobres, a todos aqueles que não tinham voz nem força para fazer frente aos abusivos do poder, aos tais ricos e gananciosos, os verdadeiros ladrões que exploraram e roubaram o povo. O Portugal do meu tempo não está muito diferente do de hoje, ou seja, a ladoragem continuam a ser os engravatados e os que sentam o cú em belos cadeirões de cabedal, contunuam a mandar e a desmandar do alto do seu pedastal, enquanto que o povo continua na mesma, com a sua vidinha miserável, contando os tostões no dia a dia para comer o seu molete e o seu caldo, trabalhando que se farta para ao fim dos mês receber a sua esmola. Prespectivas para o futuro? Tudo está na mesma, tudo continua igual, parece que nunca saímos do "meu" século XVIII, mas dizia eu, prespectivas para o futuro? Nenhumas. O remédio é ir vivendo um dia de cada vez, bebendo uns copos, fodendo, mandar umas bocas sobre a merda do quatidiano, enfim. É bom estar de volta, é bom poder começar a mandar, aqui neste meu esconderijo, as minhas bocas sobre "este e aquele" assunto.
Mas uma coisa é certa, vou continuar a "roubar" os ricos e ajudar os pobres, isso podem ter a certeza meus amigos e amigas. O Zé do Telhado está de volta para azar de uns e sorte de outros. ehehehehehe. Bem, oportunidades não vão faltar para voltar a mandar umas bocas, porque agora é hora de picar a mula e andar por ai a mirar o panorama deste Portugal.